sábado, 18 de junho de 2011

Moradores de rua rejeitam acolhimento em abrigos


    Poços de Caldas, MG, 18/06/11 – Atualmente, um grande problema das cidades brasileiras, sejam elas de grande ou pequeno porte, são as pessoas que moram nas ruas. Em Poços de Caldas, 15 delas se negam a deixar as ruas e a Secretaria de Promoção Social fica de mãos atadas sobre este problema, pois não pode obrigá-las a se encaminharem para um abrigo.
 
    A Secretaria possui um serviço de abordagem social a pessoas em situação de rua chamado “Atendimento Cidadão”, que tem o objetivo de trabalhar a reinserção social e familiar de quem mora nas ruas. Para este trabalham o atendimento é feito 24 horas e os acolhidos passam por uma triagem e recebem abrigo e alimentação. “Nós fazemos um trabalho de abordagem com estas pessoas através de um agente de atendimento. 
    
    O nosso carro vai até a pessoa, aborda e dá um encaminhamento necessário. Os tiramos da rua, levamos para um dos nossos albergues pactuados e lá recebem alimentação, roupa, dormem e tomam café. Já para aqueles que não são de Poços providenciamos a passagem de retorno para a cidade de origem. Gastamos com esses procedimentos R$ 30 mil por ano”, disse Raulina Adissi, secretária de Promoção Social.
 
    Além dos migrantes, a Secretaria acolhe pessoas que moram na cidade e estão na rua e aqueles que estão em situação de rua, mas têm família no município. Recolhe também aqueles que estão na rua, têm família, mas não querem retornar para sua casa. E tem aqueles estão na rua e não têm família. Além de adolescentes que moram nas ruas e estão em estado de risco.
 
    Somente em 2010 foram 2.246 abordagem, destas 986 foram de migrantes. Entre janeiro e maio deste ano já foram abordados 910 pessoas, destas 365 migrantes. “Temos cinco tipos de pessoas que moram nas ruas, mas o maior problema são aqueles que não querem sair. Hoje são 15 e nós sabemos nomes e onde eles ficam, mas não podemos obrigá-los a sair da rua. Pois a gente vive numa democracia e temos o direito de ir e vir, desde que não esteja invadindo o direito do outro. Temos uma equipe específica para atender estas pessoas, crianças e adolescentes e na hora da abordagem oferecemos ajuda e contamos o que fazemos e o que podemos oferecer. Mas tem muitos que não querem sair da rua e não podemos fazer nada, mas mesmo assim oferecemos ajuda, mas se ele não quer a gente se recolhe”, lamenta Raulina.

Acompanhamento
     Sempre que abordados, os moradores de ruas passam por um acompanhamento, caso sejam de Poços e tenham família são cadastrados no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e no caso dos adolescentes são levados para Casas Lares e a família passa por acompanhamento. “Nós temos uma assistente específica para as pessoas em situação de rua e nós vamos procurando, conversando e nos aproximando devagar. Alguns já conseguimos reinserir na família e muitas destas famílias já são assistidas por nós, aquelas com renda salarial de até três salários mínimos. Não trabalhamos com pessoas com drogas, mas desde que ela tenha alguma coisa mais grave nós oferecemos ajuda na casa de passagem. Hoje temos duas entidades que estão com 68 pessoas em situação de rua. Já em relação aos jovens, temos uma equipe especializada para atendê-los. A abordagem é mais difícil que com os adultos, com uma conversa de aproximação para oferecer a eles uma alternativa. Mas se um adolescente ou criança saiu de sua casa imagine como é a casa dele, mais inóspita que a rua, apesar de todo risco que a rua traz”, relata a secretária.
 
    No caso dos jovens, logo depois da abordagem o setor de Promoção Social entra em contato com o Cras da região onde o jovem mora, entra em contato com a família, que passa a ser assistida. Em alguns casos o jovem é encaminhado para uma das três Casas Lares, onde passa a ter um acompanhamento com psicólogos e psicopedagogos e escolar.

Assistencialismo
     Em Poços, são gastos cerca de R$ 4 milhões por ano com este trabalho de acolhimento e inserção social. Deste montante, R$ 2,5 milhões são destinados para trabalhos com criança e adolescente.
 
    Parte deste recurso, cerca de R$ 140 mil, vem do Fundo da Infância e Adolescente (FIA), que é recolhido através de dedução do imposto de renda. Segundo Raulina, se o cidadão deixasse de dar esmola e passasse a contribuir com o fundo o resultado seria melhor. “O FIA precisa receber uma contribuição melhor. Pessoa física pode deduzir 6% e jurídica 1% do imposto devido. Aqui em Poços eu sou gestora deste fundo e com ele conseguimos equipar as Casas Lares, este dinheiro é de extrema importância. É preciso que a população pense nisso, pois o dinheiro que você paga de imposto de renda obrigatoriamente não se sabe aonde vai, mas 6% vai diretamente para o FIA e todo ano nós publicamos o que foi gasto”, explica a secretária.
 
    O telefone de contato para fazer denúncias ou para chamar a equipe da Promoção Social é o 153 e funciona 24 horas.

Fonte: ALEX SILVA - redacao@mantiqueira.inf.br / http://www.mantiqueira.inf.br/morai180611.asp

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